Quais são os novos métodos de trabalho nas empresas?

Quais são os novos métodos de trabalho nas empresas?
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Embora recentemente tenha sido dado um súbito impulso a novos métodos de trabalho, estes são apenas a continuação de um longo processo de reavaliação por parte das empresas. Há muito que as empresas procuram uma melhor forma de combinar flexibilidade e produtividade, equilibrando as expectativas e as ambições dos trabalhadores com a pressão da execução.

Novos métodos de trabalho: uma impressionante aprovação por parte dos trabalhadores

Embora, em alguns casos, os novos métodos de trabalho tenham sido implementados com urgência, estes respondem, no entanto, a uma exigência da grande maioria dos trabalhadores, que há muito pediam a introdução de mudanças. De acordo com um inquérito realizado em novembro de 2020 pela Avaya, em parceria com a empresa de análise de dados Davies Hickman Partners, 83 % dos trabalhadores são da opinião de que não precisam de estar no escritório para serem produtivos.

Além disso, 78 % dos trabalhadores da UE são a favor do teletrabalho ocasional, alternando entre o trabalho em casa e o trabalho presencial, de acordo com um  inquérito da Eurofound publicado em setembro de 2020. A tendência para o trabalho seminómada parece ter vindo para ficar.

A experiência recente demonstrou que estes novos métodos de trabalho são adequados para a maioria dos empregos. Os trabalhadores teriam dificuldade em compreender a relevância de um regresso ao passado, quando já se provou que certas tarefas podem agora ser realizadas remotamente com a mesma eficiência e já não justificam as deslocações.

Novos métodos de trabalho em detalhe

Os novos métodos de trabalho irão reforçar o conceito de hibridação e a constante capacidade de adaptação dos espaços de trabalho. Obviamente, responderão a uma lógica económica de redução de custos, mas também oferecerão uma nova abordagem ao trabalho que é paradoxalmente mais colaborativa do que o tradicional ambiente de trabalho presencial. Nos últimos anos, surgiram diferentes formas de trabalho que irão marcar o ritmo da vida empresarial nos próximos anos.

Teletrabalho ou trabalho remoto

Esta é uma forma de trabalho nómada, em que os trabalhadores desempenham as suas tarefas a partir de casa ou de qualquer outro local, desde que tenham acesso às tecnologias necessárias (ligação à Internet, e-mail, software de trabalho, documentos partilhados, etc.). As modalidades de teletrabalho são definidas pela entidade empregadora e variam de empresa para empresa (número de dias, horário, reuniões com o gestor, etc.).

Espaço de trabalho flexível

O espaço de trabalho flexível é um tipo de organização em que os trabalhadores já não têm um local de trabalho fixo e atribuído. Esta situação tem-se tornado cada vez mais predominante, devido ao aumento do teletrabalho como meio de otimizar o espaço de escritório que está agora normalmente vazio. No futuro, o espaço de trabalho flexível irá redefinir os espaços de trabalho como centros de colaboração polivalentes para reuniões, criatividade ou concentração, dependendo das necessidades dos trabalhadores. Como consequência, o espaço de trabalho flexível fará com que os escritórios fixos e os espaços de trabalho de espaço aberto passem a ser considerados obsoletos.

Coworking

O coworking é uma organização de trabalho partilhado, em que os escritórios são descentralizados e localizados em instalações próximas do local de residência dos trabalhadores. Uma empresa aluga espaços de trabalho partilhados ou um andar num edifício que será partilhado com outras empresas.

Novos métodos de trabalho que satisfazem as expectativas dos trabalhadores

Para além de uma adesão considerável por parte dos trabalhadores, estes novos métodos de trabalho também permitirão às empresas alargar o seu leque de interesses e repensar os seus métodos de gestão.

Flexibilidade e agilidade

A transição para métodos de trabalho mais flexíveis (espaços de coworking, espaço de trabalho flexível, trabalho à distância, nómadas digitais, freelance, espírito intraempresarial, etc.) está a tornar-se uma questão essencial no recrutamento.

A flexibilidade no trabalho passará a ser um fator determinante nos próximos anos, especialmente para as gerações mais jovens, que já não veem o trabalho exclusivamente como um trabalho assalariado convencional. Estes novos trabalhadores serão mais «oportunistas» nas suas escolhas profissionais. O conceito de lealdade para com a empresa será muito menos acentuado do que no caso dos seus antecessores, com a ambição de mudar de emprego duas vezes em pouco tempo (em média, 22 vezes durante toda a carreira, comparativamente a 11,7 vezes nas gerações anteriores).

As condições de trabalho passarão a ser tão importantes como o salário ou como a descrição real do trabalho. Como tal, as empresas serão obrigadas a adaptar-se a esta situação atual, se pretenderem atrair os melhores entre os melhores, que, por sua vez, escolherão o emprego que lhes ofereça mais liberdade e autonomia pelo mesmo salário.

Necessidade de autonomia

Para além da inovação que estes novos métodos de trabalho trazem para a empresa, estas novas práticas também têm implicações em termos de produtividade. Um trabalhador que goste destas novas condições de trabalho estará muito mais motivado e será mais produtivo no dia a dia. O trabalhador comum quer mais liberdade e independência. Os horários fixos e as hierarquias parecem ter os dias contados. Agora, o futuro do trabalho tem a ver com agilidade e colaboração.

Estas novas exigências refletem o desejo de ser julgado apenas com base na produção e em critérios concretos e não na assiduidade e pontualidade, ou num sentimento de pertença à empresa. Esta liberdade é conjugada com uma maior responsabilização e com a realização dos objetivos estabelecidos. Uma nova relação, baseada na confiança e não no controlo, irá continuar a desenvolver-se durante os próximos anos.

Qualidade de vida no trabalho

O trabalho móvel, em vários graus, vai facilitar a vida aos trabalhadores de diversas formas. Dá-lhes mais flexibilidade para gerirem o seu tempo e o seu horário como acharem mais conveniente, de acordo com as suas circunstâncias pessoais.

A continuação do regime de teletrabalho irá simplificar a vida dos trabalhadores, libertando-os dos constrangimentos em termos de tempo, engarrafamentos e horas de ponta nas deslocações para o local de trabalho. Também lhes permitirá, por exemplo, organizar melhor o tempo com os filhos.

Além disso, estar no trabalho apenas dois ou três dias numa semana de cinco dias já é visto de forma muito positiva pelos trabalhadores, que ficam contentes por se encontrarem com os seus colegas e quebrar o isolamento; a obrigação de ir ao escritório cinco dias por semana pode ser vista como um fardo repetitivo e monótono. No futuro, a oportunidade de trabalhar em dias alternados, presencialmente e à distância, continuará a proporcionar equilíbrio, a vários níveis, na qualidade de vida nas empresas.

Os riscos associados aos novos métodos de trabalho

Embora estes novos métodos de trabalho tragam vantagens, tanto para os trabalhadores como para as empresas, não estão isentos de riscos e terão de ser implementados de forma coordenada.

Trabalho paradoxalmente omnipresente?

O principal risco será a mistura entre a vida pessoal e a vida profissional, que podem sobrepor-se mutuamente. Apesar de se verificar uma forte procura destes novos métodos de trabalho, os trabalhadores podem sentir-se mais ou menos «presos» neste padrão laboral, incapazes de se desligarem verdadeiramente da sua vida profissional.

Esta falta de equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal é uma preocupação para alguns trabalhadores cujas empresas planeiam adotar este novo método num futuro próximo. Preocupa-os que o horário de trabalho acabe por se prolongar. Surge também a questão do isolamento e da perda de contacto com o mundo exterior, o que pode afetar o seu desempenho.

Cultura empresarial em risco?

Existe uma linha ténue entre independência e individualismo, e estes novos métodos de trabalho podem representar um risco para a coesão da equipa. Os próprios trabalhadores estão perfeitamente conscientes do risco de perder a interação informal.

Como tal, os gestores terão de encontrar formas ainda mais criativas de manter uma cultura empresarial de partilha, agendando reuniões de equipa, por vezes num formato mais descontraído ou divertido (workshops, seminários, eventos extraprofissionais, etc.).

Um equilíbrio delicado?

Embora o teletrabalho esteja cada vez mais difundido, não deve ser introduzido apenas como uma moda. Deve ser implementado para abordar um problema natural e dar resposta às circunstâncias específicas da empresa. Certos setores ou tipos de profissão serão mais adequados do que outros para este novo método de trabalho. Também será necessário manter um equilíbrio entre o trabalho remoto e presencial.

O trabalho remoto não deve, portanto, tornar-se a regra, mas deve continuar a ser uma variável de ajuste que permita introduzir alguma flexibilidade na organização. É fundamental manter o sentido de cultura e coesão empresarial; caso contrário, poderá haverá alguma dispersão ou até mesmo anarquia. Prazos de trabalho regulares, análises de progresso e reuniões semanais ou mesmo diárias serão formas eficazes de manter este contacto e melhorar o desempenho da equipa. Em menor grau, a perda de controlo dos gestores sobre os seus trabalhadores ou a desmotivação do pessoal também podem ser obstáculos à sustentabilidade das modalidades híbridas de trabalho. No entanto, estes receios, há muito tempo presentes no imaginário coletivo, foram largamente dissipados pela experiência. Verificou-se que os níveis de eficiência são frequentemente mais elevados do que nas formas convencionais de trabalho (mais concentração, autonomia, poupança de tempo em transportes, etc.).

Gerir a mudança

Estas mudanças e estes novos métodos de trabalho devem ser considerados no âmbito de um processo de gestão da mudança, concebido para os trabalhadores e em colaboração com estes. Devem ser comunicados previamente e deve haver oferta de apoio personalizado e formação sobre os vários equipamentos técnicos, ferramentas digitais e software para trabalho móvel, partilha remota de documentos e trabalho colaborativo. Em conclusão, os métodos de trabalho do futuro serão mais orientados para as pessoas do que para o local de trabalho. A ideia será fornecer aos trabalhadores uma estrutura flexível dentro da qual possam crescer e trabalhar de uma forma inteligente e não convencional. Confiança e flexibilidade serão as palavras-chave desta nova cultura, que pode ser resumida pela expressão «trabalho inteligente», uma vez que o trabalho será ágil e adaptável às circunstâncias.

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