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Saúde no trabalho: O guia completo para melhorar a saúde física e mental dos seus colaboradores

Saúde no trabalho: O guia completo para melhorar a saúde física e mental dos seus colaboradores
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Hoje em dia, a saúde no trabalho é um tema central nas organizações. Não se trata apenas de uma obrigação legal, mas também de um compromisso moral. As empresas responsáveis vão além das disposições regulamentares para garantir o bem-estar dos colaboradores, tanto a nível físico quanto mental.

Situação atual da saúde no trabalho na Europa

Por que razão é a saúde no trabalho uma das principais preocupações na União Europeia? Embora a legislação europeia já tenha melhorado a proteção dos cerca de 170 milhões de colaboradores da UE[1], alguns riscos profissionais continuam a existir e outros tornam-se mais visíveis à medida que o mundo do trabalho muda.

Acidentes de trabalho

Os acidentes de trabalho são um acontecimento súbito que ocorre no exercício da atividade profissional e que causa danos físicos ou psicológicos. Segundo o Eurostat[2], 3355 colaboradores europeus perderam a vida devido a um acidente de trabalho em 2020. Cerca de 2,7 milhões de acidentes não fatais levaram a pelo menos quatro dias de baixa.

Doenças relacionadas com o trabalho

O termo «doença relacionada com o trabalho» refere-se a qualquer situação médica que ocorra na sequência de uma exposição curta ou longa a um risco profissional. A maioria das doenças relacionadas com o trabalho na Europa é uma das seguintes:

  • Perturbações musculoesqueléticas (PME);
  • Condições respiratórias;
  • Problemas cardíacos;
  • Cancro;
  • Doença cutânea;
  • Problemas auditivos;
  • Problemas de visão;
  • Perturbações psicossociais.

Destas, as PME custam às empresas europeias milhares de milhões de euros. Segundo uma publicação da Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho[3], 60% dos colaboradores europeus declaram estar a sofrer de PME relacionadas com o trabalho. Estas condições levam à ausência do trabalho a curto ou longo prazo, ou mesmo à incapacidade permanente para o trabalho nos casos mais graves.

Saúde mental no local de trabalho

Também conhecidos como fatores de risco psicossocial, os riscos de saúde mental são uma grande preocupação na Europa. Estes podem estar relacionados com as condições de trabalho, a estrutura do horário de trabalho, o tipo de trabalho e as relações internas ou externas da empresa.

Um estudo da Eurofound sobre a saúde mental[4] analisou os efeitos da pandemia nos colaboradores na Europa. Aparentemente, a crise da COVID-19 afetou profundamente a saúde mental das pessoas. Um terço dos colaboradores relataram sofrer de ansiedade.

Pessoas envolvidas na promoção da saúde no trabalho

A saúde no trabalho é um assunto que diz respeito a todos. Empresas, gestores e colaboradores desempenham um papel fundamental na garantia de um ambiente de trabalho saudável e seguro.

Obrigações das empresas

A Diretiva 89/391/CEE[5] relativa à saúde e à segurança no trabalho impõe às empresas a obrigação de protegerem a saúde e a segurança dos seus colaboradores. Devem garantir que as condições de trabalho são adequadas para os colaboradores. Devem avaliar os riscos profissionais e tomar as medidas preventivas adequadas.

Esta diretiva estabelece que as empresas são responsáveis por proporcionar aos respetivos colaboradores uma formação adequada a fim de garantir os mais elevados níveis de proteção. A política de prevenção implica a consulta dos representantes dos colaboradores sobre questões relacionadas com a saúde no trabalho. As empresas devem também «manter-se informadas sobre os mais recentes avanços em tecnologia e descobertas científicas sobre o design do local de trabalho».

O papel da gestão

O cumprimento das obrigações relacionadas com a saúde no trabalho é um desafio diário. Os departamentos de recursos humanos e a gestão estão na linha da frente quando se trata de preservar a saúde mental e física dos colaboradores. Garantem que os objetivos de produtividade não prejudicam a saúde e a segurança dos colaboradores. Criam um ambiente de trabalho propício ao bem-estar dos colaboradores.

Os gestores no terreno desempenham um papel central na implementação de iniciativas de saúde. A proximidade com as respetivas equipas significa que compreendem melhor as necessidades fisiológicas e psicológicas dos colaboradores. Podem melhorar a organização do tempo de trabalho, investir em equipamentos ergonómicos para reduzir os riscos profissionais ou mesmo sensibilizar para as medidas de higiene no trabalho.

Responsabilidade individual dos colaboradores

O sucesso de qualquer política de prevenção depende da plena participação dos colaboradores. Cada colaborador é responsável por cuidar do próprio bem-estar ao:

  • Participar em sessões de educação de saúde organizadas no trabalho;
  • Tomar medidas para garantir um estilo de vida saudável (sono, exercício físico, dieta, etc.);
  • Sentar-se, estar de pé e mover-se de forma sensata;
  • Observar os procedimentos de trabalho existentes;
  • Comunicar qualquer situação perigosa a um supervisor.

Os colaboradores também têm uma responsabilidade para com os colegas no que toca à saúde no trabalho. Ao terem um comportamento responsável diário, reduzem o risco de acidentes de trabalho.

Prevenção de riscos e saúde no trabalho

Tal como referido anteriormente, a Diretiva 89/391/CEE5 promove uma cultura de prevenção de riscos nas empresas. As quatro principais áreas de qualquer plano de prevenção de riscos são descritas a seguir.

1. Analisar riscos no trabalho

As empresas são obrigadas a realizar uma avaliação dos riscos profissionais. Esta deve ser realizada por alguém qualificado, internamente ou por um organismo externo, como uma agência de saúde profissional. É essencial que os colaboradores ou os respetivos representantes se empenhem para que a avaliação seja bem-sucedida. Devem ser mantidos registos escritos.

A avaliação dos riscos tem dois objetivos: Eliminar os riscos e adaptar o ambiente de trabalho aos colaboradores. Este processo tem quatro fases:

  • Recolha de informações;
  • Identificação dos fatores de risco relacionados com a saúde no trabalho;
  • Classificação dos riscos por ordem de prioridade;
  • Elaboração de um plano de ação de controlo dos riscos.

Deve ser dada especial atenção às necessidades dos colaboradores vulneráveis, bem como dos visitantes ocasionais das instalações.

2. Educar e formar colaboradores

As empresas são obrigadas a organizar ações de formação e educação em matéria de riscos profissionais. Os gestores e as respetivas equipas devem ser capazes de identificar os riscos e tomar as medidas adequadas para os evitar. Seguem-se alguns exemplos de tópicos que poderão ser abordados na formação:

  • Sentar-se, estar de pé e mover-se de forma sensata;
  • Riscos relacionados com a deslocação no edifício;
  • Trabalho em ecrãs de computador;
  • Segurança das máquinas e equipamento;
  • Formação em primeiros socorros;
  • Prevenção de riscos químicos;
  • Gestão de conflitos.
  • Higiene das mãos e saúde no trabalho.

O objetivo destas formações é fazer com que todos os colaboradores da empresa assumam a responsabilidade pelos riscos específicos do respetivo ambiente de trabalho.

3. Melhor ergonomia no trabalho

A ergonomia é a ciência de adaptar ambientes de trabalho às necessidades dos utilizadores. A AIE (Associação Internacional de Ergonomia) identifica três aspetos da ergonomia, essenciais para a saúde no trabalho:

  • Físico (postura, movimento repetitivo, movimentação de cargas, etc.);
  • Cognitivo (memória, percepção, carga emocional, stress, etc.);
  • Organizacional (organização do trabalho remoto, gestão de recursos, etc.).

O aspeto físico da ergonomia é uma das primeiras alavancas de ação no que se refere à prevenção de doenças relacionadas com o trabalho. Quatro dos principais fatores de risco podem ser controlados através do investimento em equipamentos ergonómicos:

  • Posição sentada de longa duração (cadeiras ergonómicas e mesas ajustáveis em altura);
  • Posição de pé em repouso (tapete anti-fadiga);
  • Movimento repetitivo (ratos ergonómicos);
  • Trabalho com cargas (carrinhos).

A disposição do espaço de trabalho ajuda a melhorar a ergonomia cognitiva. Podem ser analisados quatro temas para melhorar a qualidade de vida no trabalho:

  • Qualidade da luz: Dar prioridade a uma iluminação que siga o ciclo circadiano.
  • Uma temperatura confortável: Manter uma temperatura adequada às atividades de trabalho recorrendo a aquecimento ou ar condicionado.
  • Um ambiente sonoro saudável: Equipar o local com mobiliário acústico;
  • Ambiente visual relaxante: Decorar o espaço com plantas de baixa manutenção.

Esta lista de ações não é exaustiva. No entanto, estas soluções são simples de implementar para melhorar a saúde no trabalho.

4. Avaliar a eficácia das medidas de prevenção de riscos

Os riscos profissionais têm de ser reavaliados depois de as medidas de prevenção terem sido aplicadas. As equipas podem refletir sobre questões como:

  • Que soluções foram eficazes para reduzir o stress físico no trabalho?
  • As medidas tomadas tiveram impacto no nível de baixa por doença e acidentes de trabalho?
  • Os níveis de stress dos colaboradores diminuíram?
  • Alguma coisa abrandou a introdução de certas medidas?
  • Surgiu alguma novidade?

Melhorar a saúde no trabalho é um processo contínuo. Uma crise global, um trabalho mais movimentado, novas máquinas ou novos limites à capacidade física de um colaborador são situações que exigem medidas de prevenção a reavaliar.

Saúde mental no trabalho: Uma prioridade para as empresas

A consideração dos riscos psicossociais é uma área importante nas empresas. Os colaboradores felizes têm menos baixas por doença, são mais produtivos e mais criativos. Os colaboradores ansiosos têm mais baixas por doença, são menos produtivos e menos criativos.

O stress no trabalho, uma grande preocupação na Europa

O stress no trabalho surge quando um colaborador não se sente capaz de corresponder às expectativas no emprego. De acordo com um inquérito da Comissão Europeia1, já em 2014, 80% dos gestores europeus afirmaram estar preocupados com o stress relacionado com o trabalho. Desde a pandemia da COVID-19, estudos demonstraram que o número de colaboradores que sofrem de stress continua a aumentar.

O stress que se prolonga durante algum tempo prejudica a qualidade do trabalho dos colaboradores. Quando stressados, estes concentram-se menos e são menos vigilantes. O stress aumenta o risco de acidentes no local de trabalho e leva a conflitos entre indivíduos. Quando alguém está stressado, também tende a desenvolver padrões de pensamento negativo. O stress intenso pode mesmo levar ao consumo de drogas ou álcool, ou mesmo ao suicídio, em casos raros.

Fisicamente, alguém que está stressado apresenta um risco muito maior de desenvolver PME. O stress no trabalho também aumenta o risco de desenvolver uma doença cardiovascular em 40%[6].

Principais fatores de risco psicossocial no trabalho

Os riscos psicossociais (RPS) podem vir de fontes diretas ou mais subtis. A prevenção depende da possibilidade de os colaboradores identificarem fatores de risco dentro da empresa. As seguintes situações favorecem o desenvolvimento dos RPS:

  • Carga de trabalho excessiva;
  • Trabalho que infringe a privacidade;
  • Falta de apoio dos gestores;
  • Um sentimento de não cumprimento dos objetivos;
  • Instruções contraditórias;
  • Um caso de assédio moral e/ou sexual;
  • Um conflito entre colegas;
  • Pressão externa da empresa;
  • Insegurança no emprego.

Os colaboradores tentam muitas vezes ocultar o stress e, ao fazê-lo, tornam-se física e mentalmente exaustos. É por isso que é essencial implementar uma política de prevenção de riscos no que diz respeito à saúde dos colaboradores, antes que surjam problemas mentais ou físicos.

Educação sobre questões de saúde mental

Educar os colaboradores sobre os riscos psicossociais é uma medida eficaz e proativa. Estes cursos visam ajudar os participantes a:

  • Detectar os sinais de alerta de um problema de saúde mental;
  • Comportar-se de forma a promover uma boa qualidade de vida no trabalho;
  • Gerir situações de stress no trabalho;
  • Superar o estigma associado aos problemas de saúde mental;
  • Encorajar todos na empresa a pedir ajuda quando precisarem.

A formação de gestores em aspetos da saúde mental também é essencial. O objetivo é dar-lhes as ferramentas essenciais para criar ambientes propícios ao bem-estar mental das respetivas equipas. Embora os gestores não sejam terapeutas, é importante que saibam como detectar os sinais de alerta que sugerem mal-estar mental, tais como:

  • Perda de motivação e falta de entusiasmo;
  • Cansaço excessivo;
  • Uma queda na produtividade e no desempenho;
  • Absentismo ou, pelo contrário, acumulação de horas extraordinárias;
  • Sinais físicos (queixas de dores de cabeça, problemas digestivos, etc.);
  • Sintomas emocionais (ansiedade, irritabilidade);
  • Querer ficar sozinho.

Melhores práticas de gestão para prevenir riscos psicossociais

Os gestores precisam de desenvolver competências de comunicação e de relação para apoiar melhor os colaboradores no que toca ao mal-estar psicológico. Ao criarem um clima de confiança e serem compreensivos, conseguirão compreender a origem do stress e oferecer soluções adequadas.

Melhorar o ambiente de trabalho implica também adotar uma política de inclusão que promova a diversidade no trabalho. Os colaboradores sentem-se aceites e valorizados, o que contribui para manter uma boa saúde mental no trabalho. O que une as diferentes pessoas contribui para fazer avançar a empresa.

O tabu do stress no trabalho: Ultrapassar as inibições dos colaboradores

Há muito que a saúde mental no local de trabalho é um tabu. De acordo com um recente inquérito da União Europeia[7], 59% dos colaboradores afirmam estar mais à vontade para falar com os respetivos gestores desde a pandemia da COVID-19. No entanto, metade dos colaboradores inquiridos receia que revelar o respetivo estado psicológico possa prejudicar a carreira.

Os colaboradores precisam de se sentir apoiados pelas empresas. É por isso que muitas empresas optaram por implementar medidas de prevenção para incentivar os colaboradores a se expressarem:

  • Campanhas de sensibilização sobre o stress relacionado com o trabalho;
  • Informação e formação sobre bem-estar e stress no trabalho;
  • Acesso a aconselhamento ou apoio psicológico;
  • Diálogo com os colaboradores sobre os aspetos stressantes do trabalho.

Todas as ações preventivas descritas neste guia contribuem para melhorar a qualidade de vida no trabalho. Ao colocar as pessoas no centro das decisões de gestão, o stress e a tensão física são reduzidos, em benefício da produtividade e do desenvolvimento profissional dos colaboradores.

[1] Comissão Europeia, Quadro Estratégico para a Saúde e a Segurança no Trabalho 2021-2027, 2021

[2] Eurostat, Estatísticas sobre acidentes de trabalho, 2022

[3] Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho, Perturbações musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho: Prevalência, custos e demografia na UE, 2019

[4] Eurofound, Condições de Trabalho no Período da COVID-19: Implicações para o futuro, 2021

[5] Diretiva 89/391/CEE do Conselho

[6] Associação Americana do Coração, Stress relacionado com o trabalho associado a maior risco de doença arterial periférica, 2020

[7] Tomar o pulso à SST, Segurança e saúde nos locais de trabalho após a pandemia, 2022

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